segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cerca de cinquenta lojas encerradas no coração da cidade

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O cenário tem vindo a agravar-se de mês para mês e quem circula diariamente pela baixa da cidade já se apercebeu da gravidade da situação do comércio tradicional. «O Setubalense» fez uma espécie de inventário, sem qualquer precisão, das lojas que estão actualmente encerradas no centro histórico e contabilizou, grosseiramente, meia centena de imóveis vazios.

A nossa pequena incursão pela baixa da cidade teve início no largo do Corpo Santo e terminou na av. 5 de Outubro, passando por algumas das principais artérias do coração da cidade. A ideia era mostrar aos setubalenses a verdadeira dimensão da situação de crise no sector do pequeno comércio, através do número de imóveis abandonados. Cinquenta foi o número a que chegámos.

Uma antiga ourivesaria, várias vezes assaltada, ocupava o nº5 no largo do Corpo Santo, está agora encerrada; mesma sina teve o pronto-a-vestir “Arco-Íris”, que está para alugar; assim como mais duas lojas neste largo.

Ali bem perto, na rua Pereira Cão encontramos mais uma ourivesaria, a “Ourivesaria da Sé” e, na travessa de Santa Maria, o nº 11 alberga a loja “Princezinha” que também se encontra de portas fechadas.

A “Congelândia”, no nº 104 da rua Arronches Junqueiro também encerrou e o espaço está para arrendar. Já no largo da Misericórdia, o nº 3 está encerrado, assim como o espaço já ocupado pela Farmácia Santiago, que mudou de instalações para a Urbisado; o restaurante “O Beco”, no nº24, também está fechado, assim como as lojas dos números 28, 42 e 44.

Na rua Antão Girão, encerraram portas as lojas “Mexicali”; “Figurella”, que faz esquina com a rua Major Afonso Pala; “Kilt”; uma antiga mercearia no nº 41; e a Papelaria Fernandes que ocupava do nº 81 ao 83 e que declarou insolvência no ano passado.

Nem mesmo as ruas mais movimentadas, caso da R. Álvaro Castelões (rua da Casa da Sorte) e da R. Dr. Paula Borba (rua dos Ourives) escapam às lojas encerradas. Na primeira, o nº 40, que faz quina com a R. Álvaro Luz, vende-se ou arrenda-se; assim como a loja no nº69 e o nº 39, a antiga loja “Gente Miúda”, que também encerrou. Na segunda, jazem duas sapatarias: a Ribel, no nº 5 e, mais a baixo, a Charles, que entrou em processo de insolvência em 2010.

Continuámos até à rua dos Correeiros, onde encontrámos uma antiga Joalharia no nº 18, que está apara arrendar e a loja Double Space no nº 24, que também se, arrenda ou vende. Na rua Dr. Estevam de Vasconcelos, jaz a Papelaria Bocage, emparedada, já há bastante tempo. Logo a seguir, no largo da Conceição, vamos encontrar um fotógrafo encerrado, que faz quina com a rua Major Afonso Pala, onde antigas molduras e fotos comidas pela luz do sol, figuram nas montras.

O Centro Comercial OK, sito na rua S. Cristóvão, parece um cemitério de lojas, onde encontrámos um pronto-a-vestir e um cabeleireiro ainda a funcionar. O resto das lojas, (106, 201, 202, 203, 205) estavam fechadas e é notório que o edifício, com três pisos, já não é limpo há bastante tempo e o estado de degradação é grande.

Na mesma rua, a loja Embaixador, já encerrou, assim como a Sportique, na av. Luísa Todi, ambas propriedade do grupo Jaime Rendas, um dos maiores proprietários e comerciantes do centro da cidade. Ainda na av. Luísa Todi há outras lojas encerradas (264,266).

Passando a praça do Bocage, em direcção à antiga rua dos Sapateiros, o cenário é aterrador: Nºs 7, 12, 13, 38 (uma loja chinesa), 53, 69 e do 72 ao 80 encerradas. “Já somos muitas”, pode ler-se na porta do nº 53. Na rua de Santa Catarina “o Cestinho da Costura, no nº7, fechou portas, assim como a Italus, no nº 11.

Na av. Cinco de Outubro, a lista continua: a agência Marsans, que ocupava os nºs 99 e 101 fechou, há cerca de um mês; a Óptica Modelo (nº 67) também esta fechada, assim como o Caffé Brasil, no nº 17. Contámos ainda mais de uma dezena de lojas encerradas nesta artéria da cidade. Já no final da 5 de Outubro, perto do Quebedo, encontramos o Edifício Paris com várias lojas para venda, sendo que as zonas desocupadas do edifício têm servido para afixar anúncios e publicidade.

Associação de Comerciantes prefere “não extrapolar”

“Estamos a tentar evitar impacto negativo deste impasse económico”

“Estão a fechar uma média de cem lojas por dia, em todo o país”, indica o presidente da delegação de Setúbal da Associação de Comerciantes do Distrito de Setúbal para mostrar que o impacto da crise não é só sentido na cidade sadina.

Empenhado em “não extrapolar, em demasia” a situação, dado que isso seria “negativo para nós (comerciantes)”, Fernando Manuel Piedade refere que a associação está “a tentar, por todos os meios possíveis, criar condições para evitar o impacto negativo deste impasse económico grave”.

Lembrando que “o centro histórico continua a funcionar”, embora “não tão bem como gostaríamos”, o responsável confirma que a Associação solicitou uma reunião ao secretário de Estado da Economia, para expor a situação.

Fonte: O Setubalense

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