A Festa do Teatro sofreu este ano um revés, devido à ausência de apoio financeiro por parte da autarquia, que continua a apadrinhar o evento. Desta forma, a programação foi reduzida para metade, para não comprometer a qualidade do festival, cuja 13ª edição teve início na passada sexta-feira.
“A festa começou por ser uma pequena mostra e neste momento é um evento incontornável do meio cultural setubalense”, expressou o director artístico da Festa do Teatro, organizada pelo Teatro Estúdio Fontenova, durante a abertura oficial, na passada sexta-feira, no salão nobre da câmara municipal.
José Maria Dias começou por salientar e agradecer o apoio da Sapec Bay que “permitiu que a 13ª Festa do Teatro acontecesse”, através do seu contributo de 20 mil euros. O responsável não esqueceu igualmente o empenho da presidente da câmara municipal de Setúbal, junto da administração da Sapec, que também terá contribuído para o financiamento, por parte da empresa.
Recordo que, este ano, a autarquia colabora com a festa apenas com apoio logístico, contrariamente a anos anteriores em que destinou sempre uma verba para apoiar o evento. Ainda assim, o organizador não desvalorizou a parceria com a câmara municipal, antes pelo contrário, considerou-a uma “parceria de sucesso”, tal como a que mantém com a Escola Secundária Sebastião da Gama, esperando que “se mantenham fortes para enfrentar os desafios futuros”. Os apoios do TAS, Inatel, O Bando, Academia Luísa Todi e Instituto da Academia Cristã também não foram descurados, tal como a recente parceria com a associação Experimentáculo, que pretendem “continuar a desenvolver”.
“Este evento move uma enorme máquina de meios técnicos e humanos”, indica José Maria Dias, no entanto, “o orçamento mantém-se o mesmo praticamente há oito anos”, revela, sendo que este ano é ainda pior, dado que “a entidade que financiava a festa (CMS) não conseguiu participar”. José Maria Dias lamentou também o facto de “sistematicamente” a candidatura ao Ministério da Cultura, através da Direcção-Geral das Artes, “nunca ter sido contemplada”, gracejando que “temos unhas mas não temos viola”.
A situação de escassos recursos obrigou a um “grande esforço criativo” para conseguir “manter a qualidade, embora a quantidade tenha sofrido um decréscimo”, uma vez que a programação vai ocupar metade do tempo da do ano anterior. “Tudo isto só foi possível graças à persistência, resistência e capacidade de sacrifício de voluntários e colaboradores que trabalharam para que este evento se realizasse, contra ventos e marés”, manifestou o responsável.
“Enquanto o Festival continuar a ter um papel importante no panorama cultural da cidade, contribuindo para a afirmação da sua identidade e para o seu desenvolvimento económico e social, vamos persistir! Connosco, a festa faz-se!”, concluiu.
Caracterizando a festa como “uma grande iniciativa de cariz cultural e criativo”, Maria das Dores Meira enalteceu a “preocupação eclética da programação”. Além da festa “permitir apreciar várias técnicas no campo multidisciplinar do teatro”, o Teatro Estúdio Fontenova (TEF) “ousou querer mais”, referiu a edil. Daí que tenham incluído na programação uma mostra fotográfica, visionamento de curtas metragens e “o debate oportuno sobre assuntos inerentes à actividade cultural, promovendo a reflexão”.
A presidente da autarquia lembrou que será no próximo dia 15 de Setembro, Dia da Cidade e de Bocage, que o TEF completa “26 anos de intensa e produtiva actividade”. “Ao apoiar, em vários planos, esta realização, a câmara municipal mantém viva uma parceria de longa data”, expressou a autarca.
ESPECTÁCULO Após os discursos, actuaram os “Hot Potato Syncopators”, um trio de músicos cómicos do Reino Unido. Sempre com um sorriso contagiante e um ar meio estouvado, interpretaram músicas dos anos 20, 30 e 40, sempre na sua língua materna, o inglês. Mesmo para quem não compreende as palavras que os artistas britânicos disparam, afinadamente, não deixa de ser um espectáculo interessante e muito divertido. Munidos de dois cavaquinhos, um contra-baixo que usa uma caixa de madeira como ressonador, um serrote musical, que provoca um som extremamente curioso e de vozes harmoniosas, os cómicos arrancaram gargalhadas da audiência.
São os pormenores inesperados que fazem desta actuação um sucesso. Num dos “actos”, um dos artistas saca de um óculo do bolso para apreciar as “lovely ladies” (adoráveis senhoras) da audiência, piscando-lhes o olho e chegando mesmo a ajoelhar-se perante Maria das Dores Meira que ocupava um dos lugares na primeira fila. Durante a actuação, o público foi ainda brindado com momentos de equilibrismo, hipnotismo e ventriloquismo, numa mistura hilariante.
Fonte: O Setubalense
Fonte: O Setubalense
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