sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Canas Gaspar e Tavares da Silva exploram o "Barco de Évora"
Navio feito com chapas recicladas de tanques usados na I Guerra Mundial é agora palco dos mais variados eventos, tanto para turistas como para público escolar.

Foi construído na Alemanha com chapas recicladas dos tanques usados na I Guerra Mundial e ainda não estava pronto quando foi comprado pela Comboios de Portugal (CP). O barco Évora, como fora baptizado, assegurou a travessia no Tejo e uniu a capital à Margem Sul durante 50 anos. Tempo insuficiente para a reforma. Há sete foi comprado pela Turisbuilding e hoje pode considerar-se um multifunções. Aqui fazem-se cruzeiros turísticos, provas de vinho a bordo, festas, encontros empresariais e, até, acções de sensibilização ambiental.


À primeira vista, o nome que Manuel Tavares da Silva e Canas Gaspar puseram à empresa que adquiriu a embarcação remete para um serviço exclusivamente turístico. Mas a bordo do barco Évora faz-se muito mais do que passeios pelo Sado a observar golfinhos e aves. Há quem escolha estes pacotes, mas a oferta é mais abrangente.

Há cruzeiros gastronómicos, culturais (acompanhados de informação sobre a história da zona de Setúbal) e até cruzeiros para apresentação e provas de vinho. Mas mais do que imaginar-se sentado num barco a beber um copo de vinho e a comer uma fatia de queijo, existe ainda a possibilidade de assistir a espectáculos de flamenco ou até de ouvir um concerto jazz.

Tudo através de parcerias. "Não fazemos o que não sabemos, por isso a cada projecto contratamos pessoal em regime de outsourcing que prepara tudo com o maior profissionalismo", conta Tavares da Silva, ao lado de Canas Gaspar, ambos de áreas profissionais financeiras. Conheceram-se na empresa onde ainda mantêm os seus postos de trabalho quando decidiram comprar o barco e rentabilizá-lo. E a oferta não pára de crescer. Como Setúbal é a terra do moscatel e, diz a experiência colonial, o vinho transportado em barcos sofre um enriquecimento aromático "extraordinário", Tavares da Silva e Canas Gaspar estão já a trabalhar a próxima meta: comercializar as pipas de vinho já em estágio na embarcação.

O nome do vinho generoso já foi registado de O Embarcado e os dois sócios acreditam que poderá ser muito valorizado. "Este processo de estágio permite, com o balançar do barco e as diferenças térmicas associadas às zonas por onde navega, o enriquecimento aromático do vinho, conferindo-lhe características únicas."

Como todos os negócios que dependem de sol e mar são sazonais, Tavares da Silva e Canas Gaspar encontraram uma solução para rentabilizar o negócio fora da época alta. Além de festas privadas - qualquer pessoa pode alugar o Barco Évora -, eventos empresariais ou mesmo reuniões que exijam maior discrição e secretismo, o barco é também usado para pedagogia.

Um ano após funcionar como atracção turística, o barco serviu para pôr em marcha o Projecto Pedagógico Cultural e Ambiental para a Baía de Setúbal. No ano seguinte, e até agora, a acção passou a ser de Responsabilidade Social e Ambiental. O projecto, que se desenvolve ao longo de toda a Península Ibérica, serve para sensibilizar os mais jovens para os problemas ambientais e sociais do dia-a-dia, mostrando que pequenos gestos podem marcar a diferença. Por isso, o pagamento devido a cada um dos participantes é feito através de radiografias antigas, baterias inutilizadas ou toners de impressoras. Tudo material reutilizável e, por isso, valioso.

O resultado está à vista: todos estes materiais acrescidos de um contributo financeiro entregue pela Turisbulding à AMI ajudaram à construção de uma escola e um posto médico nos arredores de Cabul no Afeganistão. Aliar o turismo à responsabilidade social será também uma possibilidade dada aos mais velhos, de acordo com o novo pacote que a empresa oferece. Setenta e cinco mil visitantes já passaram pelo barco Évora.

Fonte: DN.PT

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