Para ultrapassar a quebra de encomendas no próximo ano, 500 a 600 trabalhadores de fornecedores da Volkswagen em Palmela podem ver o contrato suspenso ou o horário reduzido.
Uma das medidas em cima da mesa para ultrapassar a quebra de produção do parque industrial da Autoeuropa, em Palmela, é reduzir os horários ou suspender o contrato a parte dos trabalhadores de empresas que fornecem a fábrica da Volkswagen. Segundo adiantou ao SOL António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, o recurso ao lay-off poderá abranger 500 a 600 funcionários.
O lay-off é um apoio público que pode ser solicitado temporariamente por empresas com dificuldades no mercado, através do qual a Segurança Social assegura 70% de uma compensação salarial que é paga aos trabalhadores a quem é suspenso o contrato ou reduzido o horário de trabalho.
Caso avance, a medida não deverá aplicar-se à Autoeuropa propriamente dita, sendo que as orientações do grupo Volkswagen (VW) tendem a deixar de fora este tipo de opções de gestão, explicou o coordenador da CT. «Coloca-se a hipótese de lay-off nas empresas do parque industrial, onde há cerca de 20% de mão-de-obra em excesso face ao volume de encomendas do próximo ano», explicou Chora, que pertence também à estrutura coordenadora de comissões de trabalhadores do parque industrial.
No caso da Autoeuropa, a gestão e a CT estão a trabalhar em várias frentes para enfrentar um ano que se avizinha difícil. Desde logo, a empresa de origem alemã vai reforçar os programas de formação internos para fazer face à quebra da actividade fabril. Por outro lado, está a negociar com o Governo o desenvolvimento de um programa de formação externo.
Formação orientada para o novo modelo
Esta medida serviria não só para ocupar os trabalhadores em excesso, mas também para prepará-los para a vinda de um novo modelo que a fábrica está a disputar. «Cabe ao Governo decidir se quer gastar dinheiro num programa de formação ou em subsídios de desemprego», diz Chora.
O Negócios adiantou, esta semana que a Autoeuropa vai arrancar, em Novembro do próximo ano, com a produção de um novo Scirocco, sendo que a fábrica está ainda a disputar a produção de um novo modelo a partir de 2015.
Um eventual programa de formação dirigido para esse novo veículo poderia contar com verbas europeias, o Fundo Social Europeu, por exemplo, é um instrumento financeiro comum para co-financiar acções de formação. Segundo Chora, a formação poderia ser ministrada pelos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional ou pela academia de formação ATEC.
Por último, a fábrica está a tentar que grupos de trabalhadores sejam destacados para outras fábricas da VW em períodos de lançamento de novos produtos. Chora esteve esta semana na Alemanha, onde manteve contactos com comissões de trabalhadores, recursos humanos e direcção do grupo, e admitiu ao SOL que há abertura para que seja possível absorver trabalhadores portugueses. «As coisas estão bem encaminhadas. Se houver transferências de trabalhadores será sobretudo para fábricas alemãs, onde estão a ser produzidos os produtos que vão ser lançados no próximo ano».
Contactada pelo SOL, fonte oficial da Autoeuropa não adiantou pormenores sobre as medidas em estudo para o próximo ano, nem as negociações em curso com o Governo, mas a direcção da unidade já garantiu que não irá haver despedimentos na fábrica.
Em comunicado, a empresa disse que a VW «está a rever em baixa as estimativas de produção da sua fábrica de Palmela para 2012» e que, «não sendo de prever uma inversão desta tendência nos próximos meses, a empresa prepara-se já para um cenário de menor volume de produção em 2013, sem no entanto considerar a hipótese de cancelar contratos de trabalho».
Fonte: Sol
Fonte: Sol
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