sexta-feira, 18 de março de 2011

Lojas do comércio da baixa vão encerrando ao ritmo da crise


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“Mango” terá sido o último estabelecimento a fechar portas .

Já foi uma actividade de referência e credibilidade para a região, mas há muito que caiu na crise. O comércio tradicional da baixa comercial continua a perder expressão, com lojas a encerrar e imóveis a degradar-se. Os resistentes comerciantes receiam que as futuras superfícies, previstas para 2013, poderão dar “cabo do resto.”

O actual panorama já é deveras desanimador, mas o pior poderá ainda estar para chegar, quando as duas novas superfícies comerciais setubalenses forem inauguradas, dentro de dois anos, nomeadamente o centro comercial “Alegro” e o Fórum Setúbal.

A loja multinacional “Mango”, sita na esquina da rua Dr. Paula Borba e o largo Francisco Soveral (antigo largo da Ribeira Velha), fechou portas há cerca de mês e meio, após mais de uma década de laboração no “coração” da baixa comercial sadina.

Com meia dúzia de grandes montras e uma área comercial de grandes dimensões, esta loja de pronto-a-vestir desistiu de prosseguir a sua laboração, obviamente face às contas da caixa. Aliás, mais uma, tal como tantas outras o têm feito, neste conturbado, quanto prolongado, período de crise financeira.

As montras ainda estão tapadas com papéis a anunciar “Saldos até 50 por cento”, a derradeira campanha da “Mango”, em finais de Janeiro. Depois disso, a “Sulcarma – Comércio de Pronto-a-Vestir e Acessórios, Lda”, decidiu-se pelo abandono da actividade desta sua loja, na baixa setubalense.

Basta uma rápida mas atenta passagem pelas artérias comerciais da baixa para se perceber dos efeitos da crise. Muitas lojas encerradas, algumas delas há vários anos, sendo perceptível o estado de abandono e degradação dos respectivos imóveis. Em contra-ciclo, verifica-se a abertura de lojas chinesas, a qualquer esquina de uma qualquer estreita rua ou grande avenida. Inclusivamente - o que não deixa de se estranhar - em espaços nobres, caso de antigas instalações bancárias.

Quanto a antigas lojas, referimos a Papelaria “Bocageana”, sita na esquina da rua dos Almocreves com a rua Dr. Estevam Vasconcelos. Há anos encerrada, com as montras estilhaçadas e o interior a servir de “explosivo” depósito de papelões e madeiras, ao alcance de qualquer um, só há dois meses estas entradas foram fechadas a tijolo.

Com esta medida, que só pecou por tardia, afastou-se o perigoso cenário de incêndio, mas criou-se um mamarracho visual numa zona que se pretende atractiva. Longe de ser caso único, é mais uma situação a juntar a tantas outras.

Contactado, ontem, por «O Setubalense», o presidente da delegação sadina da Associação do Comércio e Serviços do Distrito, anunciou para “muito breve, em conferência de imprensa”, uma “firme posição” da estrutura representativa dos profissionais do comércio da baixa. Contudo, sempre nos aconselhou a “dar uma passagem por estas ruas”, para se ter uma ideia, mais real, das lojas que já encerraram.

Seguimos o seu conselho, e confirmámos que, para além das várias lojas encerradas nos últimos tempos, muitos outros imóveis estão em processo de degradação. Por vezes, nada melhor que um “click” para alertar para uma realidade que, estando bem visível, por vezes passa incólume à observação passageira.



COMERCIAL É de supor que a “breve posição pública” a tomar por parte da delegação da Associação do Comércio e Serviços tenha a ver com o processo das duas grandes superfícies comerciais, a inaugurar dentro de dois anos. Uma é o Centro Comercial Alegro, um braço imobiliário do grupo Auchan, detentor dos hipermercados Jumbo, que se propõe investir, até 2013, 50 milhões no terceiro centro comercial da marca Alegro em Portugal. A outra superfície comercial, igualmente a inaugurar em 2013, porventura de maior dimensão, com um investimento de 100 milhões, localiza-se em Vale da Rosa, e dá pelo nome de Fórum Setúbal.

Teodoro João

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