terça-feira, 19 de abril de 2011

Tragédia: Homem acelerou carro para a morte no cais do Carvão

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Um indivíduo do sexo masculino, de 68 anos e natural de Setúbal, terá acelerado o carro para o suicídio, deixando uma carta, alegadamente dirigida à filha. A tragédia teve lugar ao início da tarde de sexta-feira, no antigo cais do Carvão, à Lota, e logo se gerou uma forte contestação popular contra o alegado atraso dos meios de socorro.

“Deixou um papel no chão, em jeito de despedida e, dez metros à frente, guinou o carro em direcção à quina deste cais, com o vidro aberto e o cinto posto. Ainda gritei ao homem, mas pareceu seguro do que estava a fazer. O carro ainda flutuou um bocado, antes de afundar”.

Este relato foi transmitido a «O Setubalense» por um indivíduo que, pela circunstância de, na altura dos acontecimentos, estar a pescar à cana no dito cais sem a obrigatória licença de pesca de terra, preferiu manter o anonimato. E esta mesma versão dos acontecimentos foi reforçada por, pelo menos, outro pescador desportivo.

O alegado suicídio teve lugar minutos após as 14 horas de sexta-feira, que mais parecia de Verão. Também por isso, muitos populares encontravam-se ao longo do antigo cais do Carvão e muralha fronteira ao edifício dos cacifos dos pescadores, de cana na mão, naquele período de maré cheia.

Minutos após a queda do automóvel, de marca Volkswagen, e com a sucessão da chegada de meios de socorro, muitas foram as vozes populares que se levantaram contra as autoridades, nomeadamente a Polícia Marítima, bastante criticada pelos populares que se juntaram às largas dezenas no local do incidente, até à retirada do carro do fundo do rio, de uma profundidade aproximada a 6 metros.

“Para socorrer uma pessoa levam este tempo todo, mas para andarem por cima da muralha a multar a gente que não tem licença para estar aqui um bocadinho a dar banho à minhoca, vêm logo a correr…” Este foi um desabafo ouvido por diversas vezes durante as acções de remoção do corpo do interior da viatura submersa.

As queixas - leia-se revolta – estiveram longe de se cingirem, apenas, aos pescadores lúdicos. Também homens que fazem do mar a sua luta diária, aproveitaram a ocasião para desabafar junto dos agentes da Polícia Marítima, a mais visada das autoridades presentes. “Vocês andam a perseguir-nos no mar e em terra, é uma vergonha!”, ouvia-se em alta voz no local do incidente.

Refira-se que o antigo cais do Carvão – entre a Doca dos Pescadores e o Monumento ao Pescador – não tem qualquer protecção. O acesso ao cais é perfeitamente livre e, seja por mero acidente ou acto suicida, a queda ao Sado tem “via verde”.

De resto, até há cerca de dois anos, a prolongada muralha que liga este cais até aos antigos estaleiros navais da Praia da Saúde, apresentava-se igualmente desprotegida. Os actuais pilaretes só lá foram colocados depois de pelos menos duas viaturas caírem ao rio.

Esta última situação deixa um sério alerta às entidades com competência na matéria, porque é de segurança pública que está em causa.

MEIOS A operação de retirada do cadáver do mar envolveu muitos meios, nomeadamente a PSP, Polícia Marítima, os Bombeiros Sapadores (4 viaturas entre elas uma INEM e uma grua para retirar o veículo) e Voluntários de Setúbal. Foi ainda activada a equipa de mergulho dos Sapadores, que realizou uma busca sub-aquática e localizou a viatura assim como um corpo no seu interior. A vítima mortal após declaração de óbito foi transportada para a morgue do Hospital de S. Bernardo, devendo o funeral realizar-se no início deste semana.

Fonte: O Setubalense / Teodoro João

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