terça-feira, 19 de abril de 2011

Vitória de Setúbal: Com um golo irregular foram ao bolso vitoriano

Num jogo de empenho total o conjunto vitoriano acabou ferido pelo golo ilegal do seu anfitrião, travo amargo para quem tão bem se assumiu e entrou sem receios na luta decisiva dos pontos, aqui adulterada em termos de adição, e por causa desse erro gritante e influente, de três para um.

Não deixa de ser positivo pontuar em Coimbra, sem a menor dúvida e por óbvias razões. Também há que dizer desde já que o empate acaba por ser resultado justo para a produção de dois conjuntos que lutam por um objectivo comum, a escasso «braço» de ser alcançado, o da luta pela sobrevivência; mas também, porque factos são factos, há que entender a diferença de tom dos respectivos adeptos à saída do estádio, no rescaldo/desabafo da contenda.

Diziam, queixavam-se, os de Coimbra que tinham tido azar, um «penalty» falhado, uma bola no travessão, e a expulsão infantil de Sougou – lamentos principais para um alargado e nítido inconformismo associado a uma patente inquietude pelo reflexo na respectiva tabela; queixavam-se do outro lado os adeptos do Vitória, sempre presentes e dedicados ao clube como poucos, de que o empate, sendo aceitável, podia ter sido bem diferente, mesmo oiro sobre azul de três pontos em vez de um, houvera para tal o «liner» Nuno Manso e Jorge Sousa ter cumprido com as regras do jogo, anulando por fora-de-jogo o golo de Miguel Fidalgo. Um erro de enorme influência final e que acabou por marca a diferença decisiva, dos tais três para o um alcançado. Porque se a barra e a acção do guarda-redes afinal fazem parte do jogo tal como as decisões do árbitro e seus pares; não é menos certo de que uma decisão errada de julgamento transforma-se de pequena a grande diferença, de reflexos fundamentais e opostos, como se viu neste caso de Coimbra, com o golo irregular transformado em legal; pior ainda se fácil de ver (sobretudo no estádio e a toda a largura do terreno) pelo curso natural do lance e que acabou por ferir de morte a adequada e inerente decisão em função de regras elementares do jogo. E por aqui, porque factos são factos, Jorge Sousa e o seu fiscal de linha Nuno Manso falharam com estrondo, dando corpo a uma ilegalidade de jogo que no final ditou um em vez de três pontos, com toda a diferença classificativa, imediata e para o objectivo final, aqui em claro e gritante prejuízo visitante. Daí a razão para o protesto e o inconformismo final ouvida e sentida entre os vitorianos.

Foi um jogo interessante, de empenho total e comum, de puro campeonato e pelos pontos. Académica a entrar melhor no jogo e logo com Sougou a obrigar com um desvio de cabeça Diego a dizer que estava ali, com a sua habitual e reconhecida classe. Aviso a que respondeu bem o Vitória, com uma movimentação cuidada e coesa, segura em termos defensivos e sem descuidar a transição bem elaborada e objectiva que mesmo com a saída por lesão de William, ele que era a referência mais adiantada, não se perturbou. Sinal desta capacidade e também de boa intenção ofensiva um disparo (26m) de Zé Pedro, ele que com Neca rodavam e pautavam a transição, a centímetros do golo, como nota de confirmação de que a discussão seria assumida e sem tabus. Mas veio o golo (38m) de Miguel Fidalgo, num cruzamento de Diogo Valente, após perda de bola sadina que proporcionou a transição rápida para a esquerda, com o finalizador adiantado aos centrais, porque partindo de posição irregular, a emendar para o fundo das redes. Contra a corrente do equilíbrio reinante, e sobretudo de forma tão irregular perante as leis do jogo.

Segundo tempo foi diferente, acelerou a todos os níveis, e deu controvérsia rápida. Primeiro, aos 49m, penálti a castigar falta de Valdomiro sobre Sow Habib. Sougou marca e Diego, especialista reconhecido, defende. Renasce o jogo e Bruno Ribeiro – bem no modo e no tempo – troca Silva por Hugo Leal, assume e procura mais intenção ofensiva para recuperar a curto trecho a desvantagem. Zeca cria boa oportunidade, Zé Pedro por um triz não chega a tempo de fazer uma emenda decisiva junto a Peiser, sinais evidentes de querer e poder. Segundo momento, 61m, entrada mais forte de Zé Pedro, Jorge Sousa outra vez implacável, falta e amarelo; o médio reage e Jorge nem hesita: segundo e consequente vermelho. Pior não podia, a manobra desarticula-se, entra-se no pior momento sadino e os da casa renascem e intensificam a pressão. Mas eis o terceiro momento: 69m, Sougou, já com um amarelo, faz ouvidos de marcador ao apito e continua até ao golo; aqui Jorge Sousa ficou sem espaço nem tempo para transigir, e Sougou lá foi. Igualdade numérica, o Vitória como que renasce, recupera para o jogo. Acredita-se, e ganha: o empate chega, aos 81m, num livre da esquerda por Pitbull, com a bola a passar em plena área, a «enganar» tudo e todos até acabar no fundo das redes. Um prémio mais que merecido, para quem, e por duas vezes, até parecia “sair” do jogo mas que soube, por mérito seu, renascer e voltar à sua tona e discussão. E quando a escassos minutos do final Hugo Morais ainda fez a bola esbarrar no travessão alguém, com razão, a nosso lado adiantou «também não mereciam…» Pudera!

Num jogo rasgado e disputado palmo a palmo, de várias nuances, o conjunto estudantil teve o mérito de sempre tentar, de se assumir, ainda que lhe faltasse mais rasgo e sobretudo desembaraço, mas há que reconhecer aqui o mérito defensivo visitante, na sua manobra de envolvimento e procura do espaço para se chegar mais perto do golo.

Hugo Morais, Berger e Diogo Valente foram elementos em destaque.

ARBITRAGEM

Jorge Sousa fez um mau trabalho. Mostrou 15 cartões! Alguns justos mas outros… e para uma nota de critério em claro prejuízo visitante. Excessivo e, muitas vezes, inexplicável.

Para pior, teve influência no resultado ao validar o golo de Miguel Fidalgo, em clara posição de fora-de-jogo. E como este erro pode, neste caso, marcar a diferença final entre os dois opositores e alargado a terceiros. Muito mau Jorge Sousa e Nuno Manso!

Fonte: O Setubalense / Francisco Casas Novas

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