terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Florestas podem criar milhares de empregos", diz o CEO da Portucel

Tem capital para investir, pode criar milhares de postos de trabalho e dinamizar as exportações nacionais. Mas não tem condições para isso. Quem o diz é o presidente-executivo do grupo Portucel Soporcel, José Honório.

A maior papeleira portuguesa, responsável por 3% das exportações nacionais, precisa de mais matéria-prima, eucaliptos, mas não consegue avançar com os investimentos de que necessita. De acordo com o CEO, a Portucel regista actualmente um défice de 200 milhões de euros na importação de eucaliptos.

«Claro que gostaríamos de investir em Portugal. Temos vários projectos para o aumento de capacidade na gaveta, porque não temos matéria-prima», disse, quando questionado pelo SOL, durante uma conferência de imprensa, esta semana, em Lisboa. «Temos aqui um sector que podia criar milhares de postos de trabalho».

Segundo o responsável da empresa detida pela Semapa, de Pedro Queiroz Pereira, Portugal tem cerca de dois milhões de hectares de terra cultivável abandonados, devido à excessiva repartição do território.

Alterar a legislação e incentivar os proprietários a juntarem-se para rentabilizar estas terras são duas soluções sugeridas pela Portucel, que «não custam dinheiro e dariam emprego».

Além da criação de emprego, os investimentos da Portucel poderiam ajudar o país a equilibrar a sua balança comercial. A fileira florestal representou, no primeiro semestre, 9,9% das exportações nacionais, cerca de dois mil milhões de euros, segundo dados no INE. Apenas os sectores da maquinaria e automóvel estão à frente do sector da madeira.

«No entanto, 70% do valor das nossas exportações ficam em Portugal, enquanto no sector automóvel apenas 30% fica aqui», disse o CEO da Portucel. O economista João Ferreira do Amaral apoiou esta posição, dizendo que «precisamos de exportar, mas com alto valor acrescentado».

Enquanto as condições não aparecem em Portugal, o grupo irá continuar com o investimento de cerca de 2,3 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) em Moçambique, onde irá gerir perto de 173 mil hectares de floresta, «mas temos a expectativa de chegar aos 220 mil», disse o administrador Manuel Regalado.

A fase de testes durará até 2013-2014 e a partir daí iniciam-se os investimentos pesados: floresta e fábricas.

Fonte: Sol

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