quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Instituições de solidariedade social confessam incapacidade para atender “novos pobres”

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Não para de aumentar o número de novos pobres a bater à porta das instituições de solidariedade social, com os responsáveis a reconhecerem estar “no limite” da sua capacidade de resposta. Muitas centenas de famílias, reconhecidamente carenciadas, recolhem regularmente cabazes de géneros alimentares. Mas muitas outras batem às mesmas portas, engrossando uma lista de espera cada vez mais interminável.

A Associação Baptista Shalom, sedeada na rua Moinho do Frade, freguesia de S. Sebastião, reconhece que, face ao crescente número de pedidos de ajuda, a instituição já não consegue satisfazer todos os necessitados, que chegam das mais diversas freguesias da cidade, maioritariamente de S. Sebastião.

Fundada na primeira Igreja Evangélica da cidade, a Associação Shalom dispõe de cantina social, que funciona de segunda a sexta-feira, distribui cabazes mensais a cerca de duas mil pessoas e, semanalmente, às quintas-feiras, distribui os chamados produtos frescos.

“Servimos 140 refeições diárias (almoços e jantares), de segunda a sexta-feira”, começou por elucidar Joaquim Moreira, presidente da Associação Shalom. Estas refeições resultam de um acordo com a Segurança Social, referindo este responsável que “continuamos a aguardar pelas condições para avançar para a chamada cantina de emergência, onde outros 100 utentes estão em lista de espera.”

Todos os beneficiários, da cantina e dos géneros alimentícios, vulgo cabazes, passaram, de acordo com Joaquim Moreira, “por entrevistas com a assistente social e são reconhecidamente carenciadas. Têm por isso um cartão com que se identificam junto dos nossos serviços.”

Quase duas mil pessoas beneficiam da distribuição de produtos alimentares, uma vez por mês, proveniente de excedentes da Comunidade Europeia. O cabaz é composto por leite, massas, manteigas, arroz, cereais e queijos. Para além disso, esses mesmos beneficiários, devidamente identificados, têm direito a recolher produtos frescos (frutas, verduras), provenientes do Banco Alimentar Contra a Fome, semanalmente, às quintas-feiras.

O presidente da Associação Baptista Shalom lamenta que o número de pedidos “não pare de aumentar”, ao ponto de reconhecer que a capacidade de resposta desta instituição esteja estar “no limite das nossas forças e boa vontade”.

SANTA MARIA Pelo mesmo diapasão afina Susete Lino, coordenadora do Instituto de Educação Cristã, com instalações na Quinta do Freixo, freguesia de Santa Maria da Graça, onde cerca de 600 famílias recolhem regularmente cabazes de produtos alimentares.

“Atendemos nas tardes de 2.ª feira e manhãs de 5.ª feira, com distribuição de cabazes compostos por produtos provenientes do Banco Alimentar contra a Fome e excedentes da Comunidade Europeia, já que somos parceiros da Segurança Social,” lembra Susete Lino, o rosto desta instituição de solidariedade social, que conta com 8 voluntários.

Quem recebe estas ajudas está devidamente referenciado pelas assistentes sociais e residem em vários pontos da cidade, sendo que “muitas vezes, por vergonha, as pessoas preferem pedir longe de casa”, testemunha Susete Lino, lamentando a falta de condições das instalações, cedidas pela Câmara, há 15 anos.

“Quando aqui começamos, atendíamos 250 famílias, hoje são 600, mas a rua é a sala de espera porque as instalações estão aquém das condições desejadas”, reconhece, registando o imparável surgimento de novos casos de pedidos de ajuda.

“Não sei onde isto vai parar! Nós, no terreno, apercebemos da necessidade e revolta das pessoas que ainda encontram nestes pólos alguma ajuda para colmatar necessidades básicas de vida,” rematou Susete Lino.

Fonte: O Setubalense

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