terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Faleceu Jaime Graça, antigo jogador do Vitória de Setúbal


Jaime Graça, um dos mais talentosos médios do futebol português na década de 60, faleceu hoje, aos 70 anos de idade, vitima de doença prolongada, no hospital dos Lusiadas, em Lisboa. Conquistando os seus maiores êxitos ao serviço do Benfica, vencendo o Campeonato em sete ocasiões, tal como a Taça de Portugal em três, Jaime Graça foi internacional português em 36 ocasiões.

O antigo médio, que também passou pelo Vitória de Setúbal, onde terminou a carreira. Estreou-se pelo Benfica, a 16 de Agosto de 1966, num jogo frente ao Tottenham HFC, para o Torneio Costa do Sol, em Málaga. 

Sem dificuldades em impor-se nos encarnados então orientados por Fernando Riera, que reconstruiu no Benfica o sexteto mais ofensivo da Selecção Nacional: Jaime Graça e Coluna, a médios; José Augusto, Eusébio, José Torres e Simões, como avançados.

Fonte: A Bola




Jaime Graça 

Nasceu em Setúbal e teve um início de vida difícil, começando a trabalhar aos dez anos, muito longe ainda de se tornar num dos pilares do mágico Benfica dos anos 60 e 70, ao lado de Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto... No dia em que o mundo se despede de Jaime Graça, recorde a vida de um dos magriços.

Origens humildes

Nascido em Setúbal no seio de uma família modesta, irmão do médio sadino Emídio Graça, desde cedo o jovem Jaime Graça teve de se fazer à vida, trabalhando como aprendiz de eletricista aos dez anos, mal terminou a instrução primária. Esse conhecimento havia de lhe ser útil para salvar a vida a Eusébio e companhia, uns anos mais tarde.

Reguila, apaixonado pelo futebol e bom de bola, passou a sua infância e adolescência jogando em diversos pequenos clubes da cidade do Sado como o Estrela do Sado, o Beira-Mar de Setúbal, o Independente Setubalense ou Nacional Sadino. Aos 16 anos tenta a sorte no Vitória, mas vê os seus intentos frustrados e acaba por rumar ao Palmelense, onde joga uma época e se sagra campeão distrital.

Os anos a verde e branco

No ano seguinte o Vitória chama por ele e Jaime Graça não hesita, passando a vestir de verde e branco. Entre 1959/60 e 1961/62 o clube joga na II Divisão, enquanto Jaime Graça brilha ao lado do irmão.

Em 1962 chega a primeira época dourada da sua carreira, ao ajudar o Vitória a voltar à I Divisão e a chegar à final da Taça de Portugal (derrota com o Benfica por 0x3).

Três anos depois surge a sua primeira internacionalização e uma nova final da Taça contra o Benfica. Desta feita, a vitória acabou por sorrir aos sadinos, com um claro 3x1 sobre o mesmo Benfica, com uma exibição de mão cheia, na qual marca um golo e «mete Coluna num bolso».

1966: um ano para lembrar

1966 foi um ano para lembrar. Primeiro a presença na final da Taça contra o SC Braga, a terceira da carreira (derrota por 0x1), depois a convocatória para o Mundial de Inglaterra, no qual foi um dos magriços em destaque na conquista do terceiro lugar e, por último, a mudança para a Luz durante o defeso, dando finalmente o salto merecido para um grande.

De encarnado

No Benfica, o maestro de Setúbal deu lugar ao operário da Luz, tornando-se num dos pilares do mágico Benfica ao lado de Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto...

De vermelho ao peito conquistou sete campeonatos, quatro taças e chegou a uma final da Taça dos Campeões, na qual marcou um golo na trágica derrota após prolongamento em Wembley com o Manchester United (1x4).

Salvou a vida de Eusébio e dos seus colegas quando após um jogo com a Sanjoanense, no dia seguinte, 5 de dezembro de 1966, alguns jogadores do Benfica foram experimentar o novo tanque de hidromassagens. Um curto-circuito eletrocutou o infortunado Luciano, deixou Malta da Silva em coma e quase vitimou Eusébio.

Jaime Graça teve o sangue frio de sair do tanque e desligar o quadro elétrico, valendo-se da sua mais-valia como eletricista.

Foi treinado por alguns dos melhores, Jimmy Hagan e Pedroto, alcançando grandes vitórias. Respeitado pelos adversários, Jaime Graça voltou a Setúbal para descansar das exigências muito altas no Benfica, colocando um ponto final na sua carreira na época 1976/77, com o emblema sadino ao peito.

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