quarta-feira, 23 de março de 2011

Problema persiste há oito anos: Matilhas de cães vadios proliferam na Arrábida

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Não há meio de acabar com a multiplicação de cães vadios na Serra da Arrábida. A câmara municipal alega a dificuldade em capturar os animais no terreno, enquanto os moradores no Portinho e em Alpertuche – duas zonas por onde os canídeos deambulam, continuam a sentir-se prejudicados com o aumento exponencial do número de animais.

A Câmara Municipal de Setúbal garante que a captura dos animais vai ser reforçada até ao início da época balnear, mas, para Pedro Vieira, porta-voz dos residentes no Portinho da Arrábida, zona fustigada pela existência de várias matilhas de cães bravos, o problema está “fora de controlo”.

O vereador Manuel Pisco explica que “a recolha dos animais não á tão fácil como parece” e aponta o dedo aos “amigos dos animais”. “A mãe natureza e a mão do homem estão a dificultar a situação”, refere o responsável, indicando que “os interesses dos transeuntes entram em conflito com os interesses dos amigos dos animais que continuam a alimentá-los”.

Em resposta às preocupações apresentadas pelo vereador António Caracol, em sessão pública de câmara, o vereador com o pelouro salubridade e qualidade do ambiente adiantou que “até ao Verão tem que haver um reforço da recolha dos animais”.

“Andam pela serra toda, desde Albarquel até ao Portinho, sendo que já foram avistados também matilhas perto da cidade de Setúbal, na zona do Viso e também em Casais da Serra”, revelou Pedro Vieira, acérrimo protestante desta situação que se arrasta desde 2003.

Apesar da situação persistir há oito anos, o problema tem-se vindo a agravar. “Existem várias ninhadas e núcleos grandes”, indica o residente, não conseguindo, no entanto, precisar quantos animais existem porque “estão dispersos em vários sítios”. Ainda assim, a estimativa que se fazia no ano passado rondava a centena.

O queixoso revela que, após a acção de protesto “Happy Hour de luto pela Arrábida”, que se realizou em Agosto do ano passado, alguns moradores reuniram-se com responsáveis pela câmara municipal, na qual o executivo “mostrou boa vontade” e indicou que iria fazer “todos os esforços para resolver o problema. O que é facto é que os cães continuam lá e há cada vez mais cães!”, manifesta.

Uma das razões que, de acordo com engenheiro zoófilo, frequentador da praia do Portinho, levam à proliferação desmesurada dos cães está relacionada com a sua alimentação. “Graças ás pessoas que continuam a alimentá-los, o problema está fora de controlo”, refere, explicando que, durante o Inverno, há pessoas que vão regularmente, diariamente até, alimentar os cães, em determinados locais”.

Durante o dia, os animais não se avistam, dado que são “animais com hábitos nocturnos”, sendo frequente vê-los a deambular à noite, junto à estrada. “Basta andar a pé pelos trilhos da serra para encontrar grandes quantidades de dejectos”, aponta o morador, preocupado com a chegada do Verão, altura em que a situação “torna-se pior, porque há mais pessoas e começa a haver mais restos de comida e lixo”.

Para Pedro Vieira, “os cães devem ser capturados e canalizados para um centro de acolhimento para serem adoptados”, no entanto, compreende a dificuldade na captura, porque se trata de “uma floresta” e os animais “são selvagens, mais bravios que as raposas”.

O responsável diz já ter contactado e alertado “todas as entidades que podiam ter competência nesta matéria, tal como a câmara municipal, a Direcção Geral de Veterinária, o Governo Civil, o Parque Natural da Arrábida…mas parece que cai em saco roto”, desabafa.

ASSOCIAÇÃO Pedro Vieira adiantou a «O Setubalense» que aproveitou a “onda” do protesto do ano passado, para juntar algumas pessoas e constituir uma associação, “não só com residentes, mas também com pessoas da zona”. O objectivo é ter “mais peso para confrontar as entidades e também para colaborar numa solução. A associação deverá ser apresentada oficialmente dentro de duas semanas.

Vera Gomes

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