quarta-feira, 27 de março de 2013

Autoeuropa quer exportar por Sines

A Autoeuropa está a estudar um projecto marítimo que envolve a criação de um centro logístico intercontinental através do Porto de Sines. A intenção é reforçar o peso do transporte marítimo nas expedições de peças e de automóveis, que actualmente apenas representa 0,13% do transporte de componentes. Portugal poderá servir como plataforma entre a Europa, a China e o continente americano.

A fábrica já utiliza o Porto de Setúbal para fazer exportações, tendo começado a enviar carros directamente para a China no final de 2011. Mas Sines, por ser um porto de águas profundas, traria vantagens acrescidas, pela possibilidade de utilizar navios de maior dimensão.

Em declarações ao SOL, o director-geral da fábrica, António de Melo Pires, sublinha que uma das principais vantagens desta estratégia seria aproveitar a expansão do canal do Panamá, que deverá estar concluída em 2014. Dessa forma serão captados os barcos de grande dimensão que transportam automóveis de fábricas da Volkswagen no continente americano.

Caso essas embarcações chegassem à Europa através de Sines, Portugal e a Autoeuropa poderiam ser responsáveis pelo que se designa de desconsolidação dessa carga, retirada de mercadorias de contentores, para depois enviá-las para outros destinos na Europa. O mesmo poderia acontecer com componentes vindos da China, por exemplo.

A linha de mercadorias que vai ligar Sines a Madrid também poderia servir de ligação à Europa, mas neste caso o transporte não depende apenas do caminho-de-ferro. «É também preciso operadores com material circulante adequado para fazer o transporte de automóveis», diz o responsável, que ainda não tem datas concretas para que o projecto avance.

Novo modelo em perspectiva

A nova estratégia para o transporte marítimo foi apresentada na passada semana, numa conferência de imprensa de balanço de 2012 e de perspectivas para este ano.

Em 2012, a fábrica registou uma quebra de produção de 15%, tendo fabricado 112.550 viaturas. Com esta redução, o seu volume de negócios caiu 13,7%, passando para 1,94 mil milhões de euros.

O director-geral da Autoeuropa aconselhou os fornecedores da empresa a adoptarem «mecanismos de maior flexibilização da mão-de-obra», para serem capazes de responder às exigências do mercado num contexto de crise. «Não podemos forçar os clientes a comprar os carros», afirmou António Melo Pires, citado pela Lusa.

Para este ano, a fábrica de Palmela preparou um plano de formação para fazer face à quebra de produção. Há funcionários destacados noutras fábricas da Volkswagen da Alemanha e a receber formação na academia de formação ATEC, em Portugal.

Embora haja cerca de 600 trabalhadores a mais face ao volume de produção actual, António de Melo Pires garantiu que não há interesse em fazer despedimentos, já que os funcionários vão ser necessários quando houver sinais de recuperação económica.

O director-geral da fábrica está esperançado que haja o anúncio de um novo modelo para a Autoeuropa, ainda este ano. Embora não haja ainda uma decisão final da Volkswagen, o gestor lembrou que a unidade de Palmela tem «argumentos fortes» para competir por um novo carro, e que a marca «vai lançar dezenas de modelos» este ano e nos próximos.

Fonte: Jornal Sol

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