terça-feira, 9 de agosto de 2011

Muita criatividade táctica para «enganar» ausência de avançado centro pronto a jogar

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No dia do jogo de apresentação dos vitorianos, faltava pouco mais de uma semana para o arranque do campeonato e a verdade é que Bruno Ribeiro apenas tinha em carteira o avançado centro Henrique, necessariamente desfasado dos níveis de preparação dos seus colegas, para «fechar» o seu 4x3x3. Talvez por isso, o técnico ensaiou, na primeira parte, um modelo táctico «alternativo», muito flexível, em 4x4x2 com muitas «flutuações», e só na segunda parte, coincidindo com a entrada de Pitbull, regressou ao «padrão». Mas a verdade é que em qualquer dos cenários se fez notar, à evidência, a presença de um homem com aptidões específicas para a finalização na área, capaz de dar seguimento aos movimentos colectivos já a caminho de uma boa afinação.

Mais do que a qualidade de jogo revelada por Vitória e Académica, e para o caso interessa especialmente o grupo setubalense, no «particular» de sexta-feira passada, será bom falar, porque o arranque do campeonato está aí por dias, no ponto de afinação das equipas e quanto aos sadinos podemos dizer, sem grandes hesitações, que as coisas, na acção colectiva, entre sectores, se não estará ainda totalmente encarrilada, não deixa de apresentar bons sintomas, alguns dos quais já se havia observado na partida realizada em Olhão, a primeira equipa da prova principal com quem o Vitória treinou. Isto é, para abreviar, a defesa não tem problemas e o trabalho do meio campo, no sistema de 4x3x3, está assimilado, restando saber se vai revelar-se, em continuidade, no «formato» com Hugo Leal, Neca e José Pedro ou com Hugo Leal, Bruno Amaro e Neca, ou ainda outras «nuances», já que várias são possíveis e não cremos que seja por aí que surjam grandes hesitações. Na frente há, para já, Pitbull, Bruno Severino, Jorge Gonçalves, sendo ainda arriscado saber se a breve trecho Henrique encaixará como ponta de lança ou não.

Mas vamos ao jogo com a Académica. Bruno Ribeiro – na falta, aliás já por si várias vezes referida, de um avançado centro «pronto» para encaixar no 4x3x3 que perfilha e poder receber os serviços, que são muitos, do meio campo muito criativo e dos vários extremos que o plantel possui, num cenário actual que contempla a lesão grave de Miguel Fidalgo, a ausência de Rafael Lopes e a óbvia falta de ritmo de Henrique, recentemente «repescado» para o grupo –, iniciou o «particular» com os homens de Coimbra com uma organização em 4x4x2, se quiserem numa flutuação para 4x1x3x2, mercê da colocação de Hugo Leal como «médio» defensivo, Bruno Amaro, Neca e José Pedro na segunda zona de progressão e, mais à frente, Bruno Severino e Jorge Gonçalves como avançados «abertos», se bem que, a dado passo, Neca se tenha libertado tacticamente e passasse a surgir em várias zonas da frente ofensiva, fixando-se Bruno Severino mais na ala direita. Um panorama que, pensamos, servirá de alternativa ao 4x3x3 puro na eventualidade de, a breve trecho, não surgir no Bonfim o tal avançado centro de raiz de que se precisa ou se Henrique não der mostras de poder vir, já, a ser uma opção realmente competitiva.

Neste plano, o jogo da equipa revelou-se agradável na construção, ainda que, na fase de «acesso à área» as coisas tenham estado algo difusas. Jorge Gonçalves, Severino e Neca ensaiaram muitos movimentos mas não se pode esconder que algo não saiu com a objectividade que seria desejável. Houve o lance do golo, derivado de uma boa diagonal de Bruno Severino, derrubado à entrada da área para o «livre» de José Pedro mas não foram criados, em volume, os desequilíbrios necessários entre a defesa da Académica. Assim, a possível «alternativa» não nos pareceu tão escorreita como o 4x3x3 de outras situações, mesmo que com Bruno Severino, um extremo, a cumprir o papel de homem de área.

REGRESSO: Após o descanso, o Vitória regressou ao 4x3x3, com a entrada de Cláudio Pitbull, passando Jorge Gonçalves a jogar na zona de finalização. Aqui, o jogo da equipa melhorou um pouco no aspecto do conhecimento dos espaços mas é certo que a Académica também passou pela sua melhor fase, ganhou algum ascendente a meio campo e o ritmo dos setubalenses baixou sensivelmente, pelo que não foi possível estabelecer um paralelo muito rigoroso entre os dois planos.

Em jeito de síntese, ainda assim, o que se pode dizer, sem grandes «aventuras de análise», é que a equipa vitoriana está a um passo de se poder considerar apta a enfrentar já no domingo o primeiro grande desafio do campeonato mas que a carência, para o 4x3x3, do muito falado avançado centro com a pré-temporada feita, logo com o ritmo desejado, vai ter de ser colmatada com a táctica. As portas estão quase a ser abertas…

Fonte: O Setubalense

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