terça-feira, 9 de agosto de 2011

Portinho: Clube da Arrábida quer apurar “quem nos roubou a areia?”

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Um ano depois, e em cima de um mar de calhaus que a maré baixa deixa a descoberto, o Clube da Arrábida promoveu, este sábado, nova acção de sensibilização pública sobre o que considera de “abandono” do Portinho da Arrábida.

A baixa-mar deixa a descoberto o mar de calhaus em que o Portinho da Arrábida está mergulhado, face ao desaparecimento da areia. Precisamente para transmitir esse triste cenário, o Clube da Arrábida promoveu, ao início da tarde de sábado, a concentração de cerca de duas centenas de banhistas para uma fotografia em cima das pedras.

Esta acção aconteceu um ano após o movimento, então espontâneo, “Happy Hour de Luto pela Arrábida” e o desfile náutico. Pedro Vieira foi eleito presidente do então constituído Clube da Arrábida e, anteontem, lamentou o “pouco que foi feito pelas entidades para minimizar um conjunto de problemas” no Portinho.

Ainda assim, este responsável destacou a “aproximação do PNA, na acção por nós promovida de recolha de 6 toneladas de lixo, bem como na recente colocação dos sete cartazes de sensibilização ambiental, e na parte náutica”. O diálogo também acontecido com a ARH e Câmara de Setúbal, mas “de obra, com excepção da reposição do caminho de emergência e casual limpeza do areal por uma máquina, resta pouco ou nada”, disse.

“Parece evidente que se, nada for feito, esta praia - que é uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal - corre o risco de desaparecer. E estou convencido que as fortes dragagens do canal da barra têm ligação directa com este fenómeno. O que acontece é uma grande coincidência, e algo tem de ser feito,” atira Pedro Vieira.

À semelhança da acção de protesto do ano passado, também este sábado a presidente da Câmara de Setúbal marcou presença. Maria das Dores Meira considera que o protesto do Clube da Arrábida “faz todo o sentido”, lembrando a “rápida erosão do areal”.

“O Ministério do Ambiente, através do ICNB e da ARH, tem de tomar medidas urgentes. Há muito que a Câmara tem vindo a solicitar a gestão destas praias da Arrábida, mas ainda aguardamos a solicitada reunião com todas as entidades envolvidas na gestão do território,” lamentando as candidaturas do QREN, “já aprovadas, com financiamento comunitário também para esta praia e Serra, mas falta a comparticipação nacional.”

Instada sobre outras reivindicações do Clube da Arrábida, a autarca sadina lembrou que a Câmara “tem procedido à captura de cães abandonados” e, no tocante ao prometido reforço de contentores de recolha de lixo, justificou “não podermos dar resposta imediata”.

Quanto à necessidade de reposição de areia nesta praia – a grande preocupação do Portinho – Maria das Dores, embora reconhecendo não ser técnica, nem a Câmara competente nessa matéria, sempre admite que “os dragados lançados em mar alto, bem poderiam ser despejados nesta praia. Creio que seria uma possível solução para resolver este problema, e sobre a qual já abordei, informalmente, a APSS,” disse a autarca.

CONCESSIONÁRIO Marcelino Martins é um dos três concessionários de toldos no Portinho e garantiu a «O Setubalense» nunca ter “visto tantos calhaus e tão pouca areia”, em sete anos de actividade. E receia que, se nada for feito,”corremos o risco de ficar sem praia.”

De forma tão simbólica quanto útil, decidiu colocar um tapete verde por cima das pedras, e explicou o inédito da acção: “Isto facilita o acesso aos banhistas, mas também é um estender de tapete às entidades que têm a competência de repor a areia. Penso que o grande problema é que existem demasiadas entidades a mandar aqui e muito pouco a fazer algo,” opina.

O desassoreamento da praia “tem vindo a agravar-se bastante desde há dois anos”, recorda o concessionário, para quem as causas deste fenómeno prendem-se com “as fortes dragagens no canal de navegação,” alvitrando a hipótese de descarregar areia dragada nesta praia, como foi feito, vai para duas décadas, na Albarquel.

Fonte: O Setubalense

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