quarta-feira, 30 de março de 2011

Corpo de Ireneu Cruz saiu da Casa do Corpo Santo: Cerimónia fúnebre reservada no último adeus ao médico

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Uma cerimónia fúnebre extremamente reservada. O corpo do médico Ireneu Cruz saiu da Capela do Corpo Santo, conforme seu pedido em vida, e foi a cremar, na tarde de anteontem, no cemitério dos Olivais, em Lisboa. Há sete anos, doou à Câmara uma importante colecção de instrumentos de ciência náutica.

O corpo do médico Ireneu Cruz esteve em câmara ardente, na capela da Casa Corpo Santo, ao Quebedo, não casualmente, ao lado da exposição de sua autoria, patente naquele mesmo espaço, no primeiro andar da Casa do Corpo Santo.

No rés-do-chão deste edifício do Quebedo funcionou durante largos anos o Serviço Municipal de Turismo, espaço agora objecto de obras do projecto de recuperação e revalorização, no âmbito do Reset – Programa de Regeneração Urbana do centro histórico.

A cerimónia fúnebre foi extremamente reservada, com duas dezenas a prestarem a última homenagem ao prestigiado médico, de 74 anos de idade, cujo corpo saiu da Casa do Corpo Santo rumo ao cemitério dos Olivais, em Lisboa, sua cidade-natal, onde foi a cremar.

Aliás, o regime de excepção desta cerimónia fúnebre na Casa do Corpo Santo aconteceu precisamente devido a um pedido deixada em vida por Ireneu da Silva Ferreira da Cruz, médico gastrenterologista (aparelho digestivo).

Após ter trabalhado nos hospitais de Pretória e de Luanda, nos últimos 30 anos radicou-se em Setúbal, tendo sido chefe de serviço do Hospital de S. Bernardo e manteve, até ao seu internamento, há 9 meses no hospital S. José, o seu consultório particular, sito na rua Trabalhadores do Mar.

Cento e vinte peças de instrumentos náuticos perfazem a exposição permanente na galeria de exposições/Museu do Barroco, cedidos por Ireneu Cruz à Câmara Municipal de Setúbal, em 2004. O seu legado veio enriquecer os acervos dos museus municipais, constituindo mesmo uma homenagem à história marítima setubalense.

A presidente de Câmara Municipal também se associou à derradeira despedida do médico e, ao que julgamos saber, Maria das Dores Meira deverá apresentar um voto de pesar, na próxima sessão pública camarária, a ter lugar na próxima quarta-feira.

Ireneu Cruz era associado da delegação sadina da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP). O prestigiado médico e cidadão, apesar da sua exigente profissão, abraçou diversas missões culturais e cívicas.

Foi, ainda, um escritor meticuloso e estudioso, tendo publicado cerca de trinta trabalhos científicos em revistas de âmbito nacional e internacional, bem como artigos de carácter desportivo, crónicas de viagem, bem como pesquisas patobiográficas sobre personagens da cultura portuguesa, entre os quais o livro “O caso clínico de Eça de Queirós”.

Teodoro João

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