quarta-feira, 30 de março de 2011

Entrega de “quadros” no Governo Civil: União de Sindicatos denuncia casos de precariedade no distrito

A Interjovem – União de Sindicatos de Setúbal/CGTP-IN e os Sindicatos do Distrito, assinalaram, anteontem, o Dia Nacional da Juventude, com uma acção de esclarecimento, no largo da Misericórdia, sobre a precariedade e o desemprego no distrito. A acção culminou no Governo Civil de Setúbal, com a entrega de uma exposição, onde são denunciados alguns sectores da administração pública e empresas privadas que alegadamente mantêm vínculos precários com os trabalhadores.

No dia em que se assinalou o Dia Nacional da Juventude, a União de Sindicatos de Setúbal (USS) desenvolveu um conjunto de acções de sensibilização, de esclarecimento e de denúncia, com a inauguração da “exposição da precariedade” – uma série de tábuas, penduradas num varão, onde são denunciados casos de precariedade em sectores da administração pública e várias empresas do sector privado.

“Estes quadros que vamos entregar (ao Governador Civil) tratam questões de precariedade de empresas aqui do distrito de Setúbal, que já foram apresentadas por nós no ano passado, em forma de livro, e para as quais não obtivemos resposta”, clarificou Esmeralda Marques, da USS.

Frente ao edifício do Governo Civil do Distrito de Setúbal, a sindicalista explicou que, dada a falta de resposta por parte do Governador Civil, decidiram colocar as suas preocupações “em forma de quadros, para que o Governador Civil possa expor, na sua sala, e assim não se esquecer daquilo que foi falado connosco e das respostas que prometeu dar”.

A responsável revelou ainda que as empresas denunciadas “empregam muitos jovens trabalhadores, em condições precárias, com baixos salários e precisamente por hoje ser Dia Nacional da Juventude não podíamos deixar cair em esquecimento aquilo que foi há 64 anos este dia”.

Já Luís Leitão, também membro da União de Sindicatos de Setúbal, deixou um número no ar: quatro mil trabalhadores. Será este o número de pessoas, no distrito, que têm vínculos de trabalho precários.

“Nas escolas é como é, relativamente aos contratos de emprego de inserção, em que se ganha da segurança social, onde já estão contratados 858 este ano, para fazer tarefas de duas horas”, salienta o dirigente sindical. “No sector da saúde, é a questão da subcontratação de enfermeiros que são necessários (para o sistema de saúde) e quem ganha dinheiro (com as subcontratações) são os intermediários e o Estado e todos nós gastamos mais”, expressa o responsável, concluindo que “a precariedade gera mais despesas para nós, menos serviços e pior qualidade de serviços”.

No que se refere a empresas privadas, Luís Leitão dá os exemplos de dois grandes empregadores do distrito: a Portucel e a Secil.

O sindicalista aponta que os trabalhadores da ATF, empresa do Grupo Portucel Soporcel que explora a nova fábrica de papel, “recebem menos 500 euros de vencimento que os trabalhadores da Portucel”. Algo que considera ser “uma vergonha”, numa empresa que “tem lucros”.

No que respeita à Secil, existem, de acordo com o responsável da USS, “prestadores de serviços que têm 500 euros de vencimento, praticamente o ordenado mínimo”, enquanto que a empresa “tem 40 milhões de euros de lucro”.

O sindicalista salienta ainda que “alguém anda a lucrar muito dinheiro com a precariedade, que se traduz em mais exploração e menos serviços públicos”.

MANIFESTAÇÃO Antes de avançar para o Governo Civil, a USS esteve numa acção de sensibilização e esclarecimento no Largo da Misericórdia, desde as 8.30 horas, onde apelaram à participação na manifestação “Jovens em Luta” marcada para este sexta-feira, às 14.30 horas, no Metro do Intendente, zona do Cais do Sodré, em Lisboa.

Esta manifestação pretende “dar um sinal forte aos responsáveis pela precariedade e pelo desemprego”, contra o desemprego e precariedade; contra os cortes nos estágios profissionais e a sua não remuneração; contra o emprego sem direitos; contra os baixos salários e a subida de juros.

Os manifestantes exigem que a cada posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de trabalho efectivo; uma politica de defesa e valorização do aparelho produtivo, como factor de criação de emprego; uma efectiva contratação colectiva e a garantia do emprego com direitos e o aumento real dos salários; pelo direito à habitação, o fim dos escandalosos aumentos das taxas de juros e dos ‘spreads’ bancários, com a criação e gestão por parte do Estado de fogos habitacionais com rendas de custos controlados.



Vera Gomes

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