quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Comerciantes receiam não poder voltar a trabalhar “tão cedo”

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A visita da ASAE, quinta-feira, ao mercado da Lota resultou na decisão de encerrar aquele espaço comercial, por falta de condições higio-sanitárias. O presidente da Junta, entidade de gere o mercado, calcula o prazo de uma semana para proceder às obras de melhoramentos exigidas. Os comerciantes receiam que as obras se prolonguem no tempo, impedindo-os de trabalhar.

O presidente da Junta da Anunciada não tem grandes dúvidas: uma semana será suficiente para proceder às obras exigidas na listagem deixada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Quem não acredita no prazo são cinquenta e cinco comerciantes, que governam a vida no mercado da Lota.

“A gente sabe como é isto de obras; calcula-se um prazo, mas depois acaba por não se cumprir.” A opinião, um pouco generalizada aos restantes comerciantes do mercado de peixe, frutas e legumes da Lota, partiu de Rui Paulino, que, juntamente de sua mulher, possui três pedras de peixe.

Também este comerciante do mercado da Lota se admirou da “inesperada” presença da ASAE, na manhã de quinta-feira. “Passaram pelas bancas, observaram as condições de cada um e, no meu caso, que tinha os certificados da compra do peixe em dia, pegaram-me pela falta de selo da balança, que comprei há pouco tempo, e fui multado por isso,” testemunhou, acrescentando que “até o livro de reclamações me pediram. É claro que não tenho, nem ninguém aqui tem.”

Semelhante posição foi sustentada por outra colega, igualmente vendedora de peixe. O grande receio de Rosa Maria da Silva, é “não sabermos quando isto vai reabrir, com tantas exigências impostas pela ASAE.”

Esta que se assume como das mais antigas comerciantes do mercado da Lota, que começou por se realizar na parte exterior deste edifício, na via pública, assume que deve dois meses de renda à Junta de Freguesia da Anunciada. E explica porquê: “Tenho a pedra (de mármore) partida e a reparação é da responsabilidade da Junta, a quem já disse que, enquanto não ver reparada esta situação, não pago a renda (37 euros/mês).”

As bancas de comercialização de peixe ao público são as que têm a maior expressão neste mercado da freguesia da Anunciada, localizado ‘paredes-meias’ com o edifício da Docapesca. Contudo, neste mercado existem igualmente diversas bancas de produtos horto-frutícolas, pão e, até, uma pequena cafetaria.

Bruno Carmo apresentou-se a «O Setubalense» na qualidade de presidente da comissão de comerciantes local. Também ele a explorar uma pedra de peixe, é o primeiro a duvidar do prazo de encerramento, estimado de uma semana, para obras, anunciado pelo presidente da Junta aos comerciantes, na tarde de quinta-feira, logo após a visita e medidas exigidas pela ASAE.

“Ninguém de nós acredita que as obras vão levar apenas uma semana”, disse, lacónico, à nossa reportagem, receando que “aquilo que há a fazer aqui é para demorar várias semanas”, lançando uma séria questão: “E nós, que pagamos a renda a tempo e horas, o que vai ser de nós neste período de obras?”

Do lado oposto deste mesmo mercado, no sector das horto-frutícolas, a comerciante Dina é outro “espelho” da incerteza quanto ao futuro, tendo testemunhado pessoalmente ao presidente da Junta este seu profundo receio.

Fonte: O Setubalense

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