quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Padre Constantino Alves, lança alerta: “Há gente desesperada, já a querer desistir de viver!”

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Testemunha e voz de terríveis casos sociais que batem à porta de uma das paróquias mais carenciadas, o padre Constantino Alves foi a única presença da igreja católica a participar, há precisamente uma semana, na Marcha Contra o Desemprego, que percorreu algumas artérias da cidade.

“Fico profundamente comovido, sempre que uma família me aborda e, com as lágrimas a rolarem pela face, me falam que estão desempregados, que têm fome e não têm pão para eles e seus filhos, apresentam receitas médicas sem dinheiro para as aviarem, mostram avisos de corte de electricidade e água ou, então, que já estão a desistir de viver!”

Este relato é do pároco da Igreja de N.ª S.ª da Conceição, localizada na Tetra, uma das paróquias a quem bate mais angustiados pedidos de ajuda.

Constantino Alves foi o único representante da igreja católica a integrar, na passada quarta-feira, a Marcha Contra o Desemprego, explicando engrossar o número “daqueles que gritam pelo sagrado direito ao trabalho, fonte de satisfação das nossas necessidades, de pão, saúde, habitação, educação, cultura, meio de reconhecimento social e forma de realização humana.”

Segundo defende o sacerdote, o trabalho é “estruturador e estruturante duma pessoa e sem ele sentimo-nos dependentes, excluídos, arrumados e indefesos, apelando um combate ao que considerou de “monstro” chamado capitalismo, e que provoca a fome, desemprego e desigualdades sociais.

Em seu entender, a solidariedade para com os desempregados incorpora diversas formas e componentes e que nenhuma pode deixar de estar articulada com outra: ficar em discursos inflamados mais ou menos politizados e não ser empreendedor de formas organizativas concretas de apoiar os desempregados ao nível do apoio alimentar, roupa, rendas de casa, saúde e afecto as palavras serão vazias.

“Urge ter uma concepção política aberta, sabendo articular as urgentes e necessárias respostas directas com uma luta política pela transformação ou substituição deste sistema económico que, no quadro da defesa dum verdadeiro Estado Social, garanta os direitos laborais e sociais dos cidadãos,” defende.

Constantino Alves lança uma questão: “A crise vai continuar a aumentar o cortejo triste dos esfomeados e injustiçados, e não será isto um apelo a todos que detemos qualquer forma de poder político, económico, social, cultural ou religioso sermos audazes, criativos, derrubando fronteiras de protagonismos e termos como o objectivo central o direito ao trabalho digno, o combate ao desemprego e o apoio real aos desempregados sem preconceitos ideológicos?”

O pároco reconhece que “já despontam sinais de esperança”. Por sua parte, deixa a certeza de continuar a envolver-se “na onda da caminhada pelo direito ao trabalho e à vida.”

Fonte: O Setubalense

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