quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Comerciantes de Setúbal improvisaram mercado ao ar livre

O mercado do Livramento continuará fechado até que o LNEC dê um parecer positivo sobre a segurança do edifício
São 7h30 da manhã. Está frio e o sol ainda anda baixo. É hora de abrir as portas no mercado do Livramento, em Setúbal. Mas nada feito. Sem a sua parede sul, que caiu na terça-feira, devido a um desabamento que matou cinco trabalhadores, terça-feira à tarde, o mercado esteve ontem todo o dia fechado. Apesar disso, as agricultoras do concelho de Palmela cumpriram a sua rotina e meteram-se à estrada às 4h da manhã para irem até Setúbal. 

Vieram de Lagameças, Lau e Cajados e montaram as bancas improvisadas num recanto perto da Avenida Luisa Todi, entre as traseiras do Tribunal de Setúbal e o parqueamento do Pingo Doce. Esperam agora a compreensão e solidariedade dos fiscais da Câmara de Setúbal. “A venda é o nosso único sustento. Nós vivemos só disto. Muitas de nós trabalharam sempre no campo, não descontámos, nem reformas temos”, queixa-se Naciolinda Pelixo, 65 anos de vida e vinte de vendedora. 

A colega de banca, Isalinda Agostinho, adianta que quando souberam da notícia “era já de noite”. “Já tinhamos os carros carregados”, explica. Ao lado, Idalina Lopes, 64 anos, justifica a vinda com o facto dos frescos “se estragarem depressa”. “Temos de vender ou dar, caso contrário estraga-se tudo, das alfaces às cenouras”, aponta. Prometem voltar.

No peixe a situação piora. Os donos de restaurantes em Setúbal e Palmela vão directamente à lota comprar o peixe para grelhar para o almoço dos clientes. As bancadas de peixe no mercado estão situadas junto à parede que ruiu. Ana Cancela, peixeira há vinte anos no Livramento, adianta que “nos próximos dias não há alternativa senão esperar”. Enquanto isso, as arcas congeladoras enchem-se de peixe.

Os comerciantes estão sem instalações provisórias para operar. O grande armazém que serviu para esse fim, enquanto duraram as obras no interior do mercado, foi demolido e foi nesse preciso local, agora uma vala para a construção das fundações da extensão do edifício, que ocorreu o trágico desabamento de terça-feira. A vala está protegida por um perímetro de segurança, vigiada em permanência pela PSP.

Os únicos mercados municipais onde os setubalenses se puderam deslocar foram o mercado 2 de Abril, na rua Padre José Maria Nunes da Silva, e o mercado de Nossa Senhora da Conceição, na rua Fernando Garcia. O mercado do Livramento continuará fechado até que o LNEC dê um parecer positivo sobre a segurança do edifício e haja a certeza de que as paredes laterais se aguentam em pé.

Fonte: Jornal o Público

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