sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados: Recordar e homenagear os mortos sai cada vez mais caro à carteira dos vivos

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Comemora-se hoje o Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados, se bem que tradicionalmente, é na véspera, Dia de Todos-os-Santos, que mais gente acorre aos cemitérios. A nossa reportagem chegou à fala com um casal que há duas décadas, monta diariamente a sua banca de venda de flores, na frente do portão do cemitério de Algeruz, recentemente baptizado de cemitério da Paz.

Daniel e Luísa Teixeira, é um casal que negoceia em flores, junto ao portão de cemitério de Algeruz. Vai para vinte anos que fazem disso um negócio e sem dias de descanso.

“Só aqui não estamos nos dias em que o cemitério está encerrado”, afiançam, lembrando tais datas: Natal, Ano Novo e 1.º de Maio. Este casal mantém uma banca com toda a espécie de flores e de livros e corações, a imitar o mármore, para colocar nas campas.

Desde o passado fim-de-semana que testemunham uma maior procura de clientes, tal como relataram à visita de «O Setubalense»: “Os Finados é o dia forte do nosso negócio mas nota-se que as pessoas, talvez receando pioria de tempo para esses dias, antecipam-se e vêm cuidar da campa dos seus ente queridos, adornando-a com flores,” referiu Luísa Teixeira, de 60 anos, enquanto preparava mais um arranjo de flores.

Ontem, quinta-feira, feriado nacional, teve lugar uma missa campal neste cemitério, presidida pelo pároco da Igreja de S. José, Costa Marques. “São dois dias fortes de negócio, os melhores do ano”, admite este casal de comerciantes.

Compete ao marido, Daniel Teixeira, igualmente de 60 anos, a missão de se deslocar, dia sim, dia não, aos viveiros do Montijo e do Lau, para comprar flores frescas. Naquela improvisada banca, há de tudo à escolha, e para todos os preços, conforme nos mostrou.

Rosas, Pompons, Margaridas, Crisântemos, Gerbérias e Coroa imperial, são as variedades de flores mais usuais e procuradas nesta banca, porventura a mais antiga e presente das três bancadas de venda, com a devida licença anual municipal, frente ao portão do cemitério da Paz, local onde se verifica a conclusão de obras de novas acessibilidades rodoviárias.

“Olhe, ali está quase a começar a funcionar o crematório, coisa que, para nós, não é bom sinal de negócio”, aponta Daniel Teixeira, justificando que “quem compra, desde um simples pé a um arranjo de flores, é para depositar na sepultura ou jazigo. Ora, quando o crematório estiver a funcionar (fala-se no final do ano), sabe-se que, não havendo sepultura, não haverá também lugar para uma simples jarra…”

Luísa Teixeira desmistifica uma ideia nossa pré-feita, quanto ao perfil dos seus clientes: “Não são apenas senhoras e gente de certa idade que compram flores. Há muitos jovens que compram, nem se seja um simples pé, para colocar na sepultura de um familiar, conhecido ou amigo.”

Um pé de rosa ou gerbéria, por exemplo, custa apenas 50 cêntimos, mas um arranjo mais elaborado chega aos 10 euros. Com a actual temperatura ambiente, pode durar duas semanas sem murchar.

CASO: Em quase vinte anos de negócio assíduo junto ao cemitério, o casal Teixeira já conhece muitos dos clientes. E há um caso que já se transformou em relação quase familiar, conforme referem: “Há uma senhora (Júlia) na casa dos 60 anos, que todos os dias aqui vem, de camioneta, visitar as campas do marido e filho. E quase todos os dias, leva daqui nem que seja um simples pé de flor,” testemunham.

No outro dia (passado domingo) a senhora não veio ao cemitério. “Estranhámos, e até ficámos preocupados, porque sempre que a senhora pensa faltar, avisa-nos de véspera.” A razão logo foi explicada: “No dia da ausência ao cemitério, foi numa excursão a Fátima, rezar pelos seus ente queridos.”

Fonte: O Setubalense

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